IBEF Apoia Reequilíbrio das Dívidas dos Estados e Municípios com a União
O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças – IBEF Nacional em representação às suas onze seccionais em dez estados da federação, apoia as iniciativas dos estados e municípios brasileiros visando o reequilíbrio financeiro de suas dívidas com a União. As mudanças nos fundamentos macroeconômicos nos últimos 15 anos, desde que foram firmados os acordos de renegociação das dívidas da União com Estados e Municípios, permitiram a convergência para taxas de juros reais estruturalmente menores e, como decorrência, dos custos de financiamentos.
Simultaneamente, a desinflação ocorrida desde 1995 estabeleceu novo patamar, substancialmente menor e mais previsível, de evolução nos preços da economia. Tomando-se ambos os elementos – redução estrutural das taxas de juros e da inflação – há fundamentos para que a União promova, conjuntamente com os estados, o reequilíbrio das dívidas renegociadas no final dos anos 90.
CINCO ESTADOS DEVEM 81,2% DO TOTAL
Cinco estados – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás detêm, juntos, 81,20% do endividamento público estadual brasileiro, de R$ 460 bilhões. Os dez estados com seccionais do IBEF detêm 86,55% e representam 80,45% do PIB brasileiro.
Assim, mais de 12% do PIB dos estados estão comprometidos com o seu endividamento líquido. A média, contudo, oculta a situação de alguns estados, como Alagoas, Minas Gerais os quais lideram a estatística com 26,0% e 17,8%, respectivamente, do PIB estadual.
Está claro que o tamanho das dívidas estaduais já compromete a capacidade de investimento dos estados. Em relação às Receitas Líquidas Corrente, a dívida pública do estado do Rio Grande do Sul lidera o ranking estadual com 221%, seguido por Minas Gerais na vice-liderança, com 179%.
O grupo formado por Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Pará é o mais penalizado com o pagamento de encargos da dívida estadual junto ao Tesouro Nacional, com o valor das dívidas atualizado por IGP-DI + 7,5% ao ano. Todos os demais estados firmaram contratos com valorização de IGP-DI + 6,0%. O resultado desta diferença entre 7,5% e 6,0%, apenas a título ilustrativo, significa um ônus adicional aos cofres públicos mineiros de pouco menos de R$ 1 bilhão por ano, o que daria para construir duas novas Cidades Administrativas a cada três anos.
A PROPOSTA DO GOVERNO FEDERAL
O governo federal encaminhou, recentemente, ao Congresso Nacional, o Projeto de Lei Complementar 238/13, que prevê alterações nos pagamentos da dívidas dos estados e municípios com a União. O projeto prevê como indexador o IPCA + juros de 4% ao ano, ou alternativamente, a taxa básica de juros SELIC + juros de 4%, o que for menor. O comprometimento das receitas estaduais permaneceria inalterado, nos mesmos níveis atuais, de 13%.
O IBEF entende que o Brasil já alcançou melhores fundamentos econômicos e que o governo federal pode ousar mais, pois a proposta em tela continua a impor pesados ônus às gerações futuras. Desde 1998, quando foram firmados os primeiros acordos de renegociação, a realidade brasileira passou por fortes mudanças.
Torna-se, assim, urgente a revisão dos termos dos contratos firmados entre os estados e municípios com o governo federal, pois atualmente promovem uma brutal transferência de recursos dos entes federados à União.
PROPOSTA JUSTA
O IBEF apoia que o indexador seja apenas a Selic, adicionada a uma taxa variável de até 2%, condicionada a metas de desempenho fiscal estabelecidas e cumpridas pelos estados e municípios. As metas podem pressupor a melhoria da eficiência fiscal, simplificação tributária, combate à sonegação, eliminação de burocracias.
Propõe, ainda, que o comprometimento das receitas líquidas seja reduzido para 10% ao ano, com prorrogação do prazo para o vencimento da renegociação até o ano de 2050, com uma carência de dois anos para as novas amortizações. Os recursos liberados a partir dessa medida podem ser condicionados à realização de investimentos públicos estaduais com recursos próprios.
Isso permitiria maior fôlego às finanças públicas estaduais e municipais, restauraria a capacidade de investimento dos estados e municípios, principalmente em obras de infraestrutura – com reduzida necessidade de realização de novos empréstimos e financiamentos – o que possibilitaria, de outro lado, uma enorme contribuição à expansão do PIB nacional.
SOBRE O IBEF
O Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros – IBEF Nacional, fundado em 1971, é uma instituição sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública. Com sede no Rio de Janeiro-RJ, mantém 11 seccionais em dez estados: Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (Capital e Campinas), contando com cerca de 6.000 associados participantes de empresas que detêm faturamento superior a mais da metade do PIB-Produto Interno Bruto nacional.
Nos dias 17 e 18 de outubro realizará na cidade do Rio de Janeiro o XXIV CONEF – Congresso Nacional de Executivos de Finanças, evento anual que reúne cerca de 1000 participantes.
Carlos Alberto Teixeira de Oliveira – Presidente do IBEF Nacional
DÍVIDA PÚBLICA DOS ESTADOS – CLASSIFICAÇÃO DOS MAIORES DEVEDORES* – Em R$ milhões –
Classificação |
Estado |
Tesouro Nacional |
Instituições Financeiras |
Total |
% |
|
Públicas |
Privadas |
|||||
1 |
São Paulo |
186.665 |
4.908 |
37 |
191.610 |
41,68 |
2 |
Minas Gerais |
64.832 |
5.891 |
591 |
71.314 |
15,51 |
3 |
Rio de Janeiro |
48.134 |
2.786 |
50.920 |
11,08 |
|
4 |
Rio Grande do Sul |
43.412 |
808 |
94 |
44.314 |
9,64 |
5 |
Goiás |
11.599 |
3.425 |
109 |
15.133 |
3,29 |
6 |
Paraná |
10.128 |
2.801 |
2 |
12.931 |
2,81 |
7 |
Santa Catarina |
10.286 |
1.347 |
11.633 |
2,53 |
|
8 |
Bahia |
5.838 |
2.138 |
7.976 |
1,73 |
|
9 |
Alagoas |
7.082 |
244 |
16 |
7.342 |
1,61 |
10 |
Mato Grosso do Sul |
6.629 |
152 |
6.781 |
1,48 |
|
11 |
Pernambuco |
3.520 |
2.502 |
6.022 |
1,31 |
|
12 |
Maranhão |
3.593 |
544 |
4.137 |
0,90 |
|
13 |
Ceará |
827 |
2.997 |
3.824 |
0,83 |
|
14 |
Mato Grosso |
2.370 |
623 |
2.993 |
0,65 |
|
15 |
Espírito Santo |
1.998 |
707 |
2.705 |
0,59 |
|
16 |
Distrito Federal |
1.312 |
1.286 |
20 |
2.618 |
0,57 |
17 |
Amazonas |
1.274 |
1.218 |
2.492 |
0,54 |
|
18 |
Pará |
1.224 |
1.192 |
2.416 |
0,53 |
|
19 |
Sergipe |
1.113 |
1.103 |
25 |
2.241 |
0,49 |
20 |
Rondônia |
1.776 |
123 |
1.899 |
0,41 |
|
21 |
Paraíba |
1.305 |
511 |
72 |
1.888 |
0,41 |
22 |
Acre |
461 |
1.307 |
1.768 |
0,38 |
|
23 |
Roraima |
126 |
1.254 |
1.380 |
0,30 |
|
24 |
Piauí |
252 |
1.037 |
1.289 |
0,28 |
|
25 |
Rio Grande do Norte |
215 |
981 |
1 |
1.197 |
0,26 |
26 |
Tocantins |
35 |
488 |
523 |
0,11 |
|
27 |
Amapá |
79 |
297 |
376 |
0,08 |
|
Total |
416.085 |
42.670 |
967 |
459.722 |
100,0 |
|
*Em 31.12.2012 | ||||||
Fonte: Banco Central do Brasil/MinasPart Desenvolvimento |
NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO PÚBLICO DOS ESTADOS X PARTICIPAÇÃO RELATIVA
NO PIB NACIONAL – EM %
Estado |
Participação – % |
Dívida Total/PIB |
|
PIB* |
Dívida Total** |
||
São Paulo |
33,1 |
41,7 |
1,26 |
Rio de Janeiro |
10,8 |
11,1 |
1,03 |
Minas Gerais |
9,3 |
15,5 |
1,67 |
Rio Grande do Sul |
6,7 |
9,6 |
1,43 |
Paraná |
5,8 |
2,8 |
0,48 |
Bahia |
4,1 |
1,7 |
0,42 |
Santa Catarina |
4,0 |
2,5 |
0,63 |
Distrito Federal |
4,0 |
0,6 |
0,15 |
Pernambuco |
2,5 |
1,3 |
0,52 |
*2010 |
**31.10.2012
Fonte: Banco Central/IBGE/MinasPart
DÍVIDA PÚBLICA LÍQUIDA EM RELAÇÃO AO PIB DOS ESTADOS* – Em %
Classificação |
Estado |
Dívida Líquida |
1 |
Alagoas |
26,0 |
2 |
Minas Gerais |
17,8 |
3 |
Rio Grande do Sul |
17,4 |
4 |
Acre |
14,2 |
5 |
Mato Grosso do Sul |
13,1 |
6 |
Rio de Janeiro |
13,1 |
7 |
São Paulo |
11,5 |
8 |
Goiás |
10,7 |
9 |
Piauí |
9,5 |
10 |
Sergipe |
9,4 |
11 |
Rondônia |
7,2 |
12 |
Paraná |
5,5 |
13 |
Pernambuco |
5,1 |
14 |
Maranhão |
4,7 |
15 |
Bahia |
4,6 |
16 |
Santa Catarina |
3,5 |
17 |
Tocantins |
3,2 |
18 |
Ceará |
3,0 |
19 |
Paraíba |
2,9 |
20 |
Roraima |
2,5 |
21 |
Mato Grosso |
2,4 |
22 |
Rio Grande do Norte |
2,4 |
23 |
Pará |
1,5 |
24 |
Espírito Santo |
1,4 |
25 |
Amazonas |
0,1 |
26 |
Amapá |
-1,0 |
*Valores estimados, tendo em vista projeções para o PIB dos Estados para 2012. | ||
Fonte: Tesouro Nacional, Ipeadata, Credit Suisse |
DÍVIDA PÚBLICA LÍQUIDA COMO PROPORÇÃO DAS RECEITAS DOS ESTADOS* – (Em %)
Classificação |
Estado |
Dívida Líquida/ |
1 |
Rio Grande do Sul |
221 |
2 |
Minas Gerais |
179 |
3 |
Rio de Janeiro |
154 |
4 |
São Paulo |
147 |
5 |
Alagoas |
146 |
6 |
Mato Grosso do Sul |
107 |
7 |
Goiás |
100 |
8 |
Paraná |
67 |
9 |
Piauí |
49 |
10 |
Sergipe |
49 |
11 |
Acre |
48 |
12 |
Rondônia |
45 |
13 |
Santa Catarina |
44 |
14 |
Bahia |
42 |
15 |
Pernambuco |
36 |
16 |
Maranhão |
31 |
17 |
Mato Grosso |
25 |
18 |
Ceará |
24 |
19 |
Paraíba |
19 |
20 |
Rio Grande do Norte |
14 |
21 |
Tocantins |
14 |
22 |
Espírito Santo |
12 |
23 |
Pará |
11 |
24 |
Roraima |
8 |
25 |
Amazonas |
1 |
26 |
Amapá |
-3 |
Em Agosto de 2012 – Fonte: Tesouro Nacional, Ipeadata, Credit Suisse |